Após a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, partidos do "centrão" que votaram majoritariamente a favor do impedimento da petista no domingo (17) começaram a emitir sinais de cobrança ao vice-presidente Michel Temer.
Em discursos ainda tímidos, lideranças do PP, PR, PTB e PSB que trabalharam a favor do afastamento ressaltaram nesta segunda-feira (18) a importância dos votos que "deram a Temer", classificados pela maioria deles como decisivos, e cobraram reconhecimento.
"O PP é o partido que decidiu o processo e hoje tem uma força muito grande na Câmara e não tem como ser ignorado por quem quer que seja", disse o líder da legenda na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). Dos 45 votos do PP, 38 (88,4%) foram a favor do impeachment.
No PP, as negociações com Temer estão sendo tocadas pelo presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), até duas semanas considerado "aliado" do governo Dilma. Em um eventual governo peemedebista, a legenda quer "manter" o Ministério da Integração Nacional e ganhar outra pasta "de Orçamento", como Saúde ou Educação.
No PR, que deu 26 votos contra o governo da petista e apenas 14 a favor, a "prioridade" é manter o Ministério dos Transportes.
Atualmente, o PR é comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, que cumpre prisão domiciliar por condenação no processo do mensalão.
"O PR foi decisivo e poderia ter virado o jogo com os 26 votos que deu a favor do impeachment", afirmou um influente deputado da legenda, sob condição de anonimato. No partido, as negociações com Temer estão sendo tocadas pelo ex-líder do partido, deputado Maurício Quintella (AL).
No PSB, as conversas com o vice-presidente são feitos pelo presidente do partido, Carlos Siqueira. Ele admite que Temer sinalizou a ele sobre a "possibilidade" de dar espaço à legenda em seu eventual governo.
Na linha de outras lideranças que também negociam com Temer, Siqueira ressalta que o resultado da votação do impeachment "poderia ser outro" se não fossem os 29 votos a favor do impedimento.
Com 14 votos pró-impeachment e seis contra, o PTB sinaliza querer assumir alguma pasta ligada ao empresariado e à indústria. "Temos um programa de reformas nessas áreas para entregar para ele", disse a deputada Cristiane Brasil (RJ), que passou a presidência da sigla nesta semana a seu pai, Roberto Jefferson.
FONTE: Estadão em 19/04/201607h39